Gumirães (Viseu) : Os Verdes denunciam plantação de eucaliptos junto a habitações
Outro do Bloco de Esquerda em Viseu (27.2.20218):
Questionamos nós: Onde andam as ZIF´s , o que fazem, para quer servem? Para nada de facto … como nos disse, por exemplo, num local público, o ex Vice Presidente da Câmara de Nelas, Manuel Marques, dois ou três anos antes dos incêndios, de forma muito clara, como é seu timbre (e nisto teve razão): NÃO ACREDITO NISSO. Outro homem que conhece muito bem o “seu” território.
Tenho como certo que apenas têm servido para desvio de muitos milhões de euros, vindos da UE, e do Fundo Florestal Permanente (que todos pagamos em cada litro de combustível). E também para os alegados compadrios e amiguismos entre alguns autarcas e alguns dirigentes de algumas Associações que “gerem” estas ZIF´s, que, na nossa opinião, apenas são grandes sorvedouros do erário público. Muitas suspeições, alegados favorecimentos, e até, alegadamente, prisões domiciliárias já aconteceram.
Uma vergonha para a Beira Alta, brincarem com um dos nossos bens mais preciosos.
Então para que têm servido as ZIF´s? Contactámos o CEO da Mentastro, Nuno Tavares Pereira, empresa que atua na área florestal, como um dos maiores proprietários da região da Beira Alta, também com a vertente de gestão de resíduos, para nos dar a sua opinião, daquele que consideramos um dos grandes embustes num país tão florestal como o nosso :
“As ZIF´s que foram bem desenhadas para termos em Portugal um mosaico florestal exemplar, onde existiria uma organização que ajudaria os pequenos produtores na gestão e limpeza do seu território, nunca passou disso. De um desenho. Aliás até veio complicar mais a gestão, favorecendo os grandes produtores e anulando os pequenos produtores que ficarem no meio desses territórios. Isto quer dizer que, ou estás com a ZIF ou não tens acesso a apoios para limpeza ou para projetos florestais futuros. Isto porque tudo tem de passar pelas ditas ZIF para ter pontuação e ser aprovado. Mas isso criou gigantes na floresta. Os gestores das ZIF passaram a monopolizar os seus territórios onde recebem do estado para a sua manutenção, mas ainda vão cobrar aos proprietários a verba que supostamente já foi gasta para a gestão florestal. Estamos a falar de uma duplicação de processos e custos para o estado. Os apoios ao investimento na floresta devem ser diretos ao produtor e não entregues a intermediários que são suscetíveis de estar junto de grandes empresas que controlam o sector. As ZIF´s deram já um grande prejuízo ao país, isto porque o estado investiu milhões nesses territórios para a sua manutenção e gestão e depois foram esses os territórios que arderam mais. Curioso é que os territórios que não tem ZIF´s têm sido os menos afetados por incêndios, proporcionalmente. Entendo que foram bem concebidas, mas utilizadas pelos que têm o monopólio da floresta e se quisermos plantar hoje mais de meio hectare numa zona ardida de pinheiros não podemos, mas de Eucaliptos já podemos… Estamos a “navegar” ao ritmo do grande interesse”.
José Miguel Silva
DIRETOR